sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dublin eternizada no Maisfutebol

O Maisfutebol eternizou a final portuguesa da Liga Europa num 10 mais, com as histórias, a crónica e as fotos. Valeu a pena.

http://www.maisfutebol.iol.pt/lista10mais/1256545

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dublin em vídeo

Desde a primeira hora, pensámos numa forma diferente de abordar a final. F.C. Porto e Sp. Braga conhecem-se há muito, os leitores sabem tudo sobre as duas equipas e estas têm o péssimo hábito de se fecharem em concha. Para fugir ao típico «Porto já viajou», «Porto já chegou a Dublin», «Porto já chegou ao hotel», para além do típico «Braga já viajou», «Braga já chegou a Dublin», «Braga já chegou ao hotel», seguimos outro caminho, com vídeos amadores pelo meio. O resultado foi interessante. Original, pelo menos.

Canal de vídeos aqui

Dublin em fotos



As fotos da nossa final

A Catarina Morais, ex-estagiária e actual colaboradora fotográfica do Maisfutebol, chegou a Dublin na tarde do jogo e voltou na mesma noite. Pelo meio, fez o trabalho possível, com grande qualidade. Aqui ficam as suas fotos, entre outras captadas pela Agência Lusa.

As fotos da nossa final

Liga Europa: F.C. Porto-Sp. Braga, 1-0 (crónica)



Por Pedro Jorge da Cunha

Viena, Sevilha, Gelsenkirchen, Dublin. A Europa pode ter outros amantes, mas reserva uma atenção especial ao F.C. Porto. De cidade em cidade, qual peregrino imbuído da mais sagrada das convicções, os dragões somam conquistas, espalham temor e recolhem respeito. A Liga Europa acaba nas mãos certas, nas mais hábeis e venturosas.

Em Dublin tudo começou devagar, devagarinho. Como quem chega a casa tarde, a tactear o escuro, com medo de acordar quem não pode. O Porto sentiu o espartilho apertado do Braga, foi incapaz de se soltar e submeteu-se a uma vigília dolorosa. Dolorosa e dormente. Só em cima do intervalo, através do 17º voo triunfal de Radamel Falcao na prova, a história mudou de rumo e a letra passou a ser azul.

O cruzamento de Freddy Guarín é perfeito, a movimentação do compatriota colombiano ainda melhor e o cabeceamento absolutamente mortal. A Rep. Irlanda foi a Colômbia europeia naqueles três segundos de magia. Artur Moraes nada podia fazer, Alberto Rodríguez e Paulão sim. Podiam e deviam. Rodríguez perdeu a bola, Paulão perdeu a noção de tempo e espaço, olhou para trás e Falcao já lá não estava.

Como diria James Joyce, autor maior da literatura irlandesa, imagem omnipresente nas ruas de Dublin, os erros são os portais da descoberta. Uma verdade incontestável no raio de percepção do F.C. Porto.

O empate perdido nos pés de Mossoró

Liberto do medo de errar, pois o mal estava feito, o Sp. Braga desapertou a alma e lançou-se na discussão. O jogo ficou a ganhar, as bancadas aplaudiram e Fernando tremeu como nunca antes tremera. Esse pode muito bem ter sido o momento do jogo. Perda de bola irreparável do médio do F.C. Porto, Mossoró (lançado ao intervalo por Domingos) completamente isolado perante Helton e o lance a morrer esmagado pela bota direita do guarda-redes.

Sem complexos, os minhotos alcançaram o patamar exibicional do F.C. Porto. A segunda parte foi toda passada olhos nos olhos. Sem presa, nem caçador, apenas duas equipas plenas de desejo. O bom futebol é, sempre será, o primeiro atalho, o primeiro caminho. É certo que os bons propósitos não eliminam totalmente a possibilidade de fracasso, mas asseguram a felicidade do viajante.

Sem oportunidades claras de golo, a intensidade aumentou, o ritmo foi muito mais forte, o equilíbrio jorrou imparável, minuto atrás de minuto. O Sp. Braga já não foi a tempo de remediar uma primeira parte temerosa e toldada por um erro de um atleta que, possivelmente, não estaria em condições físicas de jogar.

A maquilhagem diz-nos mais que o rosto, exclamou um dia o excêntrico Oscar Wilde, autor de Dublin. A frase pode bem aplicar-se à opção de Domingos pelo central peruano. Camuflou a defesa com um atleta limitado fisicamente e retirou expressão à equipa.

Manter a identidade é a maior vitória do dragão

A consagração do F.C. Porto é um passo mais na aproximação aos gigantes do Velho Continente. O mérito maior desta equipa é a recusa total em abdicar da sua identidade. Seja qual for o adversário. Um hábito inculcado pela forma peculiar de André Villas-Boas olhar para o jogo. A manter 90 por cento deste grupo na próxima época, os dragões podem sonhar com coisas muito bonitas na Liga dos Campeões.

O Sp. Braga só pode ser elogiado pelo venerável percurso. Fez das fraquezas, armas e chegou ao inimaginável. Tenta. Fracassa. Não importa. Tenta outra vez. Fracassa de novo. Fracassa melhor é a mensagem possível na hora da derrota.

As palavras são de Samuel Beckett, um génio brotado nas ruas esconsas de Dublin. A quarta estação da glória azul e branca na Europa.

Uma palavra para a arbitragem do espanhol Velasco Carballo: medíocre.

Liga Europa: F.C. Porto-Sp. Braga, 1-0 (destaques portistas)



Por Vítor Hugo Alvarenga

Radamel Falcao
Conclui a temporada goleadora na Liga Europa com mais um festejo, reforçando o epíteto de exímio cabeceador, não sendo um ponta-de-lança de elevada estatura. 17 tentos, 7 dos quais com a utilização da testa. Um matador de fino recorte, sedutor, felino, talhado para os mais altos voos. Aproveitou a ausência de Rodriguez para vencer o duelo particular com Paulão, esperar o cruzamento de Guarín e cabecear com mestria. Merece ver o seu nome na história desta final.

Freddy Guarín
Encheu o campo na etapa inicial, denotando inteligência posicional nos momentos de caos total na zona intermediária do terreno. Adivinhou várias precipitações de adversários e, numa delas, inventou o golo de Radamel Falcao. Cortou a linha de passe a Albert Rodriguez, galgou terreno mas teve um momento decisivo, ao travar a bola perante Sílvio, ganhando tempo e espaço para ver a movimentação do compatriota. Cruzamento perfeito, golo. Exemplar.

Hulk
Justificava um cartaz pessoal, espalhado pelas ruas de Dublin, a atrair adeptos para esta final, com a promessa de desenhos de rara beleza no relvado. O F.C. Porto colou-lhe o rótulo de jogador mais caro na história do futebol português, ao pagar 19 milhões de euros por 85 por cento do seu passe. Este Hulk, o que arrancou amarelos a Hugo Viana e Silvio (um amarelo avermelhado por sinal) tem capacidade para encantar nos maiores palcos. Perdoam-se os espasmos de individualismo. É um fora-de-série, edição limitada.

Hélton
Celebrar um aniversário, o trigésimo terceiro, perante 45 mil pessoas numa final da Liga Europa é obra. Passou grande períodos sem registo de uma defesa, apesar da existência de tentativas interessantes por parte dos arsenalistas, deixando a sua marca num momento decisivo, logo após o intervalo. Mossoró ultrapassou os limites de velocidade e aproveitou a passividade de Fernando para se isolar. Adivinhou-se o empate. Por instinto, com o pé direito, Hélton disse que não. O capitão do F.C. Porto levanta o troféu europeu na sua melhor época.

Sapunaru
Escapou a uma expulsão que poderia comprometer a estratégia do F.C. Porto. Viu o primeiro cartão amarelo ao minuto 49, numa falta necessária sobre Paulo César mas voltou a pecar na concentração, quando arriscou uma carga sobre Silvio ao minuto 71. O árbitro perdoou-lhe o segundo cartão, perante os protestos arsenalistas. Justificados, por sinal.

Alvaro Pereira
Excelente segunda parte, voltando a demonstrar um pulmão acima da média. Combateu a fase de maior assédio do Sp. Braga com vários desequilíbrios do lado esquerdo. Grande época que ficou apenas condicionada pelos problemas físicos.

Liga Europa: F.C. Porto-Sp. Braga, 1-0 (destaques arsenalistas)

Por Vítor Hugo Alvarenga

Paulão
Imperial. Os laterais do Sporting de Braga entraram mal em jogo, Rodriguez assim continuou durante toda a primeira parte mas Paulão resistiu a tudo, escapando sem qualquer falha de monta. Destacou-se em vários cortes limpos, seguros e autoritários. Fica ligado ao golo de Falcao, com o colombiano a cabecear nas suas costas, mas estava sozinho depois de um erro de Rodriguez numa saída de posição do peruano. Está aí o alibi. No mais, uma bela exibição. Merecia um troféu.

Mossoró
Excelente entrada em campo, substituindo um desinspirado e truculento Hugo Viana. Entrou a todo o vapor, percebendo uma hesitação de Fernando que lhe concedeu uma oportunidade soberana de golo. Podia ter invertido, naquele momento, o rumo da final da Liga Europa. Atirou para defesa soberba de Hélton. Não baixou os índices de rendimento e provocou vários desequilíbrios na fase de maior pressão do Sp. Braga.

Custódio
Rosto de um Sp. Braga verdadeiramente guerreiro, representou a nuance táctica preparada por Domingos Paciência para a final da Liga Europa. O médio português, autor do golo que garantiu a presença em Dublin, resistiu ao regresso do capitão Vandinho e manteve-se no onze, com maior liberdade de movimentos e ordens para impor a sua força a meio-campo. Apareceu num par de lances ofensivos, deforma corajosa. Não foi por ele que o Braga perdeu.

Rodriguez
A sua utilização constituiu um risco consciente, mas foi claramente uma aposta falhada. Rodriguez está limitado fisicamente e o seu estilo de jogo evidencia ainda mais qualquer falta de condição física. Não é um central de aliviar a bola sem rumo, gostando sempre de a entregar em mãos ou sair a jogar. Quando falta a frescura física, comete erros infantis, como aquele que abriu caminho para o golo de Falcao. Exibição negativa e uma opção errada de Domingos. Acontece. Saiu ao intervalo, quando o falhanço se tornou evidente.

Sílvio
Despediu-se do Sporting de Braga, com anunciado acordo como Atlético de Madrid, mas precisa de evitar noites como esta para singrar ao mais alto nível. Entrada em falso no jogo, perdendo vários duelos com Hulk. Em cima da meia-hora, numa abordagem desnecessária e irresponsável ao lance, fez uma tesoura sobre o brasileiro, escapando apenas com o amarelo. Subiu uns furos a atacar na segunda parte mas podia ter deixado o Braga com dez ainda na primeira parte. A merecer reflexão. Na segunda etapa, foram os arsenalistas a pedir a expulsão de Sapunaru, igualmente justificada.

Lima
Não marca há alguns meses e queria desencalhar na final da Liga Europa, frente a um adversário que lhe deixa gratas recordações. Ainda por cima, soube do nascimento da sua filha em pleno treino de adaptação ao relvado de Dublin, na terça-feira. Falhou por completo. Passou ao lado do jogo.

Sporting: Cardinal falta ao treino para ir a Dublin

Cardinal, jogador de futsal do Sporting, faltou ao treino desta quarta-feira para viajar até Dublin, de forma a acompanhar a final da Liga Europa entre F.C. Porto e Sp. Braga.

Ao que o Maisfutebol apurou, o jogador ausentou-se sem autorização do clube leonino, e já se encontra na capital irlandesa, oriundo do Porto. Por isso vai falhar também o jogo-treino com os juniores, marcado para esta tarde.

Assumido adepto portista, Cardinal já tinha criado polémica ao ser visto na linha da frente dos grupos organizados de apoio ao clube, na visita ao Estádio da Luz, no jogo do título.